terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Henry

Sempre que me arreto com as injustiças cotidianas da vida em nosso tipo de sociedade, como: o aumento desmensurado dos salários dos políticos, enquanto que os demais trabalhadores permanecem arroxados; pagar muito imposto e não vê-los remetidos para as políticas públicas; pagar altos preços por educação e saúde justamente porque os recursos para esses setores vão parar sabemos onde; ver a cidade degradada, suja, mal iluminada, sem conservação, etc. etc. etc., lembro daquele texto de Henry David Thoreau.
Falo da Desobediência Civil, escrito em 1848 e que influenciou profundamente pessoas como Mahatma Gandhi, Leon Tolstoi, Martin Luther King, ecologistas, anarquistas, hippies e malucos de várias gerações. Thoreau nasceu em 1817, nos Estados Unidos. Foi poeta, naturalista, ativista anti-impostos, pesquisador, historiador, filósofo e transcendentalista, enfim, um homem à frente de seu tempoModerno, já naquele tempo discutia questões ambientais.
Eu, como simpatizante da deambulação urbana, achei muito simpático seu texto intitulado "Andar a pé", embora Henry propusesse que isto fosse feito nos bosques e florestas. Admiro sua maneira de ver o mundo, propondo a vida com o necessário. E não era homem de retóricas, por isto foi viver no campo, em uma minúscula cabana, para ter maior contato com a natureza. Discordava do uso dos impostos para financiamento de guerras, e por isto recusou-se a pagá-los, tendo sido preso por este ato de desobediência civil.
Tenho para mim que este tipo de resistência não-violenta às ações do Estado deveria ser mais empregada. O que aconteceria se nos recusássemos a pagar, por exemplo, os impostos usualmente revertidos para financiamento de bancos privados? E os que financiam os grandes conglomerados multinacionais para que aqui se instalem, degradem o meio ambiente e paguem salários irrisórios aos trabalhadores? Chamam a isto de desenvolvimento. Será mesmo?
Com este tipo de idéia, ao contrário do que se poderia pensar, Thoreau não defende a anarquia, pois desejava algo muito contemporâneo: “Desejo imediatamente é um governo melhor, e não o fim do governo.”
Sua crítica é remetida àqueles que obedecem o governo sem pensar, sem questionar se as ações dos governantes são certas. 
Assim, ressuscitaria Henry para que ele, caminhando pelas ruas da cidade - já que não temos bosques ou florestas - nos lembrasse que:


“O direito à revolução é reconhecido por todos, isto é, o direito de negar lealdade e de oferecer resistência ao governo sempre que se tornem grandes e insuportáveis sua tirania e ineficiência.”


“Diante de um governo que prende qualquer homem injustamente, o único lugar digno para um homem justo é a prisão inevitavelmente.” 


“Sai mais barato sofrer a penalidade pela desobediência do que obedecer.”