sábado, 16 de abril de 2011

Síndrome de Estocolmo



Adquiri a Síndrome de Estocolmo após exposição sistemática e progressiva à cidade do Recife. É uma nova doença, nada rara, recentemente diagnosticada e com alto grau de letalidade depois de instalada. Geralmente leva muito tempo para apresentar os sintomas, uma vez que a capacidade de obnubilar as idéias é uma de suas características principais, e pareçe ter relação com a Síndrome do Emputecimento Progressivo (nesta, você fica puto, geralmente tem acessos incontroláveis de impropérios, mas nada mais que isto).
Já na Síndrome de Estocolmo, os acometidos geralmente desenvolvem uma grande ojeriza à cidade em que moram, desencadeada pelas impossibilidades de sobrevivência nos espaços coletivos: a violência, o trânsito, a sujeira, o fedor e os esgotos a céu aberto são fatores desencadeantes e a falta de perspectiva é altamente agravante. A cegueira noturna, por falta de iluminação suficiente, geralmente provoca acessos de terror e encastelamento em suas vítimas.
Os acometidos pela Síndrome de Estocolmo sempre que entram em crise ficam estranhamente motivados, mas é muito comum voltarem ao normal após alguns safanões de amigos sempre dispostos a ajudar.
Infelizmente para os pacientes, a única possibilidade de cura é se mudar para Estocolmo, na Suécia, porque foi acidentalmente descoberto nas similitudes geográficas o vislumbre telúrico de um Recife possível que, mesmo que apenas quimérico, faz com que os desafortunados acreditem que a cura aqui ainda é possível.

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